Métodos complementares

Qual o papel da tomografia cardíaca na detecção de anomalias coronarianas?

Escrito por Alexandre Volney

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Paciente masculino, futebolista de 19 anos com história de síncope durante um treinamento. Apresentava exames cardiológicos (ECG, Teste ergométrico e Ecocardiograma) recentes realizados na pré-temporada normais. Sem antecedentes familiares de morte súbita. Negava uso de drogas ilícitas. Suspeita de anomalia coronária – qual exame solicitar?

A incidência de anomalias coronárias pode variar entre 1,3 a 5,6% dependendo da metodologia diagnóstica empregada. Podem ser divididas em anomalias de implantação, trajeto e término. Diferentemente da doença arterial coronária, em geral os indivíduos portadores podem passar a vida sem sintomas, mesmo praticando atividades físicas intensas. Entretanto, pode estar presente em cerca de 20% dos atletas jovens com morte súbita.

Os métodos provocativos (cintilografia / eco estresse / ressonância de estresse) apresentam baixa sensibilidade para o diagnóstico. Desta maneira, métodos anatômicos são preferidos para o diagnóstico. No passado, a angiografia invasiva era o único método disponível para o diagnóstico. Como o advento da tomografia coronariana (TCCor), surgiu um método eficaz, acurado e não invasivo capaz de fornecer informações precisas da anatomia coronária, caracterizando não só a origem, como o trajeto e possíveis comunicações anômalas das coronárias com outras estruturas vasculares. Apresenta sensibilidade e especificidade entre 97 e 100% quando comparada a angiografia invasiva*.

A TCCor pode ainda fornecer características da anomalia coronária que mais se associa com eventos clínicos. As chamadas formas “malignas” são as decorrentes da origem das coronárias em seios coronárias não habituais (valorizando-se o grau de angulação da origem da artéria), especialmente quando associadas a trajeto entre a aorta e a artéria pulmonar.

O principal inconveniente do método é a exposição do paciente à radiação ionizante. Entretanto, o avanço tecnológico na redução da dose de radiação dos tomógrafos mais modernos e fato de não haver necessidade de exames sequenciais evolutivos, permitem ao médico indicar o exame com tranquilidade, mesmo em pacientes jovens, obviamente quando há suspeita clínica.

A imagem acima demonstra a presença da origem da artéria descendente anterior a partir do seio coronário direito com filamento importante proximal e trajeto entre a artéria pulmonar e a aorta (“maligno”).

Nota.: É possível o estudo da anatomia coronariana por ressonância magnética por meio de sequência de pulso específica. Porém, no que pese o benefício da não exposição à radiação ionizante, a baixa disponibilidade de equipamentos com sequência apropriada, aliada a limitações técnicas para a realização do exame limitam o seu uso rotineiro.

Resumindo:

  • A tomografia computadorizada de artérias coronárias é considerada indicação classe I para investigação de anomalias coronarianas.

* Circulation, 2008; 118: 586, 606.

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Sobre o autor

Alexandre Volney

Residência em Clínica Médica pelo Hospital do Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HC-FMUSP, 2007)
Residência em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor-HCFMUSP, 2009),
Especialização em Tomografia e Ressonância Cardiovascular (InCor-FMUSP, 2009-2011)
Especialista em Ecocardiografia (SBC)

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