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É comum fazer o seguinte raciocínio: coronariopatia = usar betabloqueador. Mas será que é isto mesmo? Para início de conversa, há 2 grandes situações em que os guidelines recomendam o uso de betabloqueador no paciente coronariano com o intuito de diminuir mortalidade:
1- pacientes com fração de ejeção reduzida (principalmente abaixo de 40%). (Veja aqui como estimar no a fração de ejeção pelo ecocardiograma)
2- pacientes com passado de infarto
Enquanto que a primeira indicação é bastante sólida, a segunda pode ser contra-argumentada já que a maior parte dos trabalhos que mostrou benefício da medicação no cenário de IAM foi feita antes da existência de terapia de reperfusão e apresentou resultados heterogêneos (vide este post).
Já no paciente com angina estável sem disfunção de VE e sem passado de IAM, não há evidência forte que indique aumento de sobrevida com o uso de betabloqueador. Assim, o grande papel desta medicação no paciente com angina estável é o de reduzir sintomas anginosos.
Referência: Kannam JP et al. Beta blockers in the management of stable angina pectoris. Uptodate 2016.