Arritmia

Qual o Risco de Mortalidade Após Ablação por Cateter de Fibrilação Atrial?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português Español

A ablação por cateter é uma importante ferramenta para o tratamento de pacientes com fibrilação atrial (FA) sintomática ou FA associada à insuficiência cardíaca (IC). Se quiser rever as principais indicações de ablação de FA, dê uma lida neste outro post publicado por mim recentemente.

Porém, como todo procedimento invasivo, a ablação por cateter de FA não é isenta de complicações e, portanto, uma indicação precisa sempre se faz necessária. Neste contexto, acaba de ser publicado um importante estudo sobre o risco de mortalidade precoce pós-ablação de FA (Journal of the American College of Cardiology Volume 74, Issue 18, November 19DOI: 10.1016/j.jacc.2019.08.1036). Utilizando um banco de dados norte-americano, mais de 60 mil admissões para realização de ablação de FA foram avaliadas. Foram incluídos pacientes ≥ 18 anos, entre 2010 e 2015. Mortalidade precoce foi definida como mortalidade por todas as causas durante a internação para o procedimento ou em uma readmissão em até 30 dias após a ablação.

Mortalidade precoce após ablação de FA ocorreu em 0,46% dos casos, sendo que em 54,3% das vezes ocorreu na readmissão do paciente. Após ajustes estatísticos para idade e comorbidades, complicações periprocedimento, IC e baixo volume de ablações no hospital foram associados com mortalidade precoce. As principais complicações periprocedimento foram: cardíacas – perfurações, tamponamento cardíaco, choque cardiogênico, parada cardiorrespiratória; neurológicas – AIT e AVC. Complicações vasculares, pneumotórax, hemotórax, sangramentos, hematomas e hemorragias completam este quadro.

Nesta coorte nacionalmente representativa, a mortalidade precoce após ablação de FA afetou 1 em cada 200 pacientes, sendo que a maioria das mortes ocorreu durante a readmissão do paciente em até 30 dias.

Os autores do estudo concluem, como já dito anteriormente, que os principais preditores de mortalidade precoce foram complicações periprocedimento, IC e baixo volume de procedimentos no hospital (< 21 ablações ano). O pronto manuseio de complicações pós-procedimento e da IC podem ser fundamentais para se reduzir mortalidade neste cenário.

Conclusão do Cardiopapers:

  1. Como todo procedimento invasivo em medicina, certifique-se de que a indicação do procedimento é precisa. Dê menos importância ao ritmo encontrado no ECG e mais na avaliação completa do seu paciente.
  2. Uma vez indicado o procedimento, procure as equipes com mais experiência e que trabalhem em hospitais que estejam habituados a manusear as possíveis complicações.

Quando a indicação é precisa, a equipe é experiente e o hospital tem volume de procedimentos, complicações são possíveis, mas costumam ser resolvidas prontamente.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

7 comentários

  • Tenho 64 anos e fui diagnósticada com arritmia e a cardio indicou fazer ablação, mas confesso que lendo esses comentários fiquei com medo. E o pior não tenho convênio médico.

    • Não precisa ficar preocupado e um pouco dolorido mais pelo sus e muito bem atendido só temos que deixar nas maos do nosso bom Deus

  • Fiz ablação da fibrilação atrial no INCOR SP a 15 dias.
    Muito tranquilo. 3 furinhos na virilha direita por onde foram introduzidos os catéteres. Nenhuma intercorrência e a 15 dias sem nenhum sintoma de arrimia. Ablação é super seguro e trás uma qualidades de vida 70% melhor. Fiz com anestesia geral. Acordei e fui direto para o quarto. Muito, muito feliz com a ablação por cateter.
    Obrigado equipe de arritmia do INCOR!

    • Fiz ablação em 2021 ,correu tudo bem graças a Deus! Mais infelizmente a arritmia voltou e agora de uma forma mais complexa! Terei que fazer novamente! Porem o meu médico disse que será com anestesia geral e entubada! Confesso que estou com bastante medo

  • 78 anos. Fiz no Incor, tudo ótimo. Dr. Maurício Scanavaca, Dr.Fábio Fernandes.Me senti num centro de controle espacial (muita gente, equipamentos de todo lado). Manchas roxas na coxa por onde o cateter foi introduzido(furinhos microscópicos). Tudo perfeito, voltei para Campinas, todos os índices ótimos ( pressão 12/7, batimentos 50/60 bpm, ecg via relógio IWatch Apple e Withings perfeito. Manchas sumiram, voltando ao normal (sem abusar), liberado para próxima semana para musculação, hidroginástica e golf. Atenção e parte técnica do dr. Maurício ótima.Incor perfeito. Plano médico , duvidoso ( difícil aprovação, prazo 21 dias úteis absurdo.) por estar em crise, pulsação 24 horas duas semanas direto 130/150 dia e noite, pressão 16,17/8,9,10 direto, ecg arritmia direto.Internei em crise, no pronto socorro 3a à tarde, ablação 4a feira, 6/7 horas e tudo ótimo.

  • 71 anos. Deixo este comentário somente como registro de um caso bem sucedido.
    Fiz ablação em 1996 no Incor, devo ter sido pioneira neste procedimento em São Paulo, uma vez que fiquei aguardando por um bom tempo a aprovação do procedimento pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. No procedimento ocorreu bem, fiquei internada 2 dias. Quanto ao procedimento não senti nada. Recomendação não carregar peso por 2 dias, mas segui sob observação médica, sem medicação e somente para acompanhamento.
    Após 13 anos voltei com a arritmia, passando por nova ablação no Hospital Anis Rassi com Dr Sérgio Rassi, com sucesso total. Fiquei internada na UTI uma noite sendo liberada (13h). Não senti absolutamente nada.
    Hoje em nov/2023, registro que, desde o último procedimento, não tive mais arritmia.

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