Arritmia ECG Emergências

Quando Internar um Paciente com Síncope?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português

Síncope é um sintoma com diversas causas. Se por um lado há causas totalmente benígnas como as síncopes neuromediadas, por outro há causas cardíacas com alto risco de morte súbita para o paciente. Quando alguma das condições abaixo estiverem presentes, considere investigar o seu paciente internado:

1.    Pacientes com insuficiência cardíaca congestiva (disfunção ventricular esquerda importante) ou doença de artéria coronária (infarto agudo do miocárdio prévio).

2.    Alterações clínicas ou eletrocardiográficas que sugerem síncope arrítmica, como:

2.1.        Síncope durante o exercício físico (se for logo após o exercício sugere causa benígna – neuromediada).

2.2.        Síncope na posição supina ou sentada.

2.3.        Síncope precedida de palpitações.

2.4.        História familiar de morte súbita cardíaca.

2.5.        Presença de taquicardia ventricular não sustentada.

2.6.        Bloqueios bifasciculares (BRE ou BRD com BDAS ou BDPI).

2.7.        Bradicardia sinusal com FC < 50bpm ou bloqueio sinoatrial na ausência de medicações cronotrópicas negativas ou de bom condicionamento físico.

2.8.        Pré-excitação ventricular no ECG.

2.9.        Prolongamento do intervalo QTc no ECG.

2.10.     Padrão de Brugada no ECG (Supra do segmento ST com padrão coved-type em V1 ou V2 ou V3).

2.11.     Padrão de Displasia Arritmogênica do Ventrículo Direito no ECG (Inversão de ondas T em V1 a V3 ou onda épsilon).

3.    Pacientes com importantes comorbidades clínicas como por exemplo: anemia grave ou distúrbios eletrolíticos.

Dica prática: existem vários scores que ajudam na decisão clínica de internação quando se avalia um paciente com síncope. Pela sua praticidade, o score de OESIL é uma boa opção. Para cada variável dá-se um ponto. Pacientes com até 1 ponto podem ser investigados ambulatorialmente (mortalidade em 1 ano de até 0,6%). Pacientes com 2 a 4 pontos devem ser internados para investigação da síncope pelo alto risco de morte súbita (2 pontos – mortalidade em 1 ano de 14%, 3 pontos – mortalidade em 1 ano de 29%, 4 pontos – mortalidade em 1 ano de 53%). Veja o score abaixo:

– ECG anormal: 1 ponto

– História de doença cardiovascular: 1 ponto

– Ausência de pródromos: 1 ponto

– Idade > 65 anos: 1 ponto

Referências Bibliográficas:

1.     Shen WK, Sheldon RS, et all. 2017 ACC/AHA/HRS Guideline for the Evaluation and Management of Patients with Syncope: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines, and the Heart Rhythm Society.Heart Rhythm. 2017 Mar 9. pii: S1547-5271(17)30297-7.

2.    Moya A, Sutton R, et all. Task Force for the Diagnosis and Management of Syncope. European Society of Cardiology (ESC). European Heart Rhythm Association (EHRA). Heart Failure Association (HFA). Heart Rhythm Society (HRS). Eur Heart J. 2009 Nov;30(21):2631-71.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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