Coronariopatia Hemodinâmica

Questões em cardiologia – 9

Escrito por Eduardo Lapa

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Homem de 50 anos é submetido a cateterismo cardíaco por via femoral esquerda. Não houve nenhuma intercorrência durante a realização do procedimento. Horas após o término do exame nota-se a seguinte alteração no exame físico:

Ver resposta abaixo

Resposta: doppler com fluxo diminuído em grandes artérias de membro inferior direito

O caso clínico mostra um pcte que começa a apresentar cianose no pé D após realização de cateterismo cardíaco por via femoral esquerda. Como o cate foi realizado pela outra perna, é pouco provável que o pcte esteja apresentando alguma complicação macrovascular como, por exemplo, trombose da artéria femoral. O mais provável é que o pcte esteja evoluindo com o quadro de embolia por colesterol. Esta complicação pode ocorrer após procedimentos em que há manipulação de aorta ou de outros vasos acometidos por aterosclerose (ex: cateterismo cardíaco, cirurgia de revascularização miocárdica, inserção de balão intra-aórtico, cirurgia para correção de aneurisma de aorta abdominal, etc). Pequenos fragmentos de colesterol terminam caindo na corrente sanguínea após manipulação do vaso tendo o potencial de causar fenômenos embólicos à distância. Comumente os membros inferiores são acometidos. Uma das manifestações mais frequentes é justamente o surgimento de áreas de cianose em MMII. Como decorrem da oclusão de microvasos o doppler das grandes artérias destes locais é normal.

Dica à beira do leito: pensar em embolia por colesterol quando após da realização de procedimentos invasivos cardiovasculares ocorrer cianose em MMII com pulsos periféricos (pedioso, tibial posterior, etc) normais. Isto sugere oclusão de microvasos.

A embolia por colesterol é uma das causas de piora da função renal após a realização de cateterismo cardíaco. A piora da função renal ocorre em até metade dos casos de embolia por colesterol. Enquanto a nefropatia por contraste costuma ser fugaz ocorrendo melhora da função renal após 3 a 5 dias do procedimento, a piora da função renal decorrente de embolia por colesterol costuma ter curso mais arrastado.

Muitas vezes os pctes acometidos por esta complicação apresentam aumento do número de eosinófilos no sangue periférico. Os níveis séricos de complemento podem diminuir.

Pctes com embolia por colesterol decorrente de manipulação da aorta ascendente, crossa da aorta ou das carótidas podem apresentar um achado bastante característico no fundo de olho – são as chamadas placas de Hollenhorst. Estas nada mais são que micropartículas de colesterol obstruindo vasos da retina.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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