Lípides

Questões em cardiologia – dislipidemias

Escrito por Eduardo Lapa

Esta publicação também está disponível em: Português

Pcte de 53 anos, masculino, branco, vem ao consultório para realizar um check-up. Diz que há 6 meses fez exames de rotina que revelaram colesterol elevado. Desde então vem praticando atividade física aeróbica durante 30 minutos, 5 vezes por semana e está seguindo rigorosamente a dieta indicada pela nutricionista. O pcte não fuma e não possui comorbidades. Ao exame físico, PA 136×80 mmHg. Repetido perfil lipídico que mostrou:

CT 210 mg/dL, HDL 35 mg/dL, TG 232 mg/dL.

Glicemia de jejum 98 mg/dL.

Resposta abaixo:

 

 

 

 

 

 

 

Resposta: atorvastatina 20 mg/d.

A nova diretriz americana sobre dislipidemias recomenda que sejam tratados com estatinas os seguintes pctes:

1- Pctes que já sofreram eventos cardiovasculares ateroscleróticos (ex: IAM, AVC, etc)

2- Pctes com LDL > 190

3- Pctes diabéticos entre 40 e 75 anos com LDL > 70

4- Pctes entre 40 e 75 anos com risco cardiovascular em 10 anos > 7,5% e com LDL > 70

O pcte não apresenta nenhuma das 3 primeiras situações. Como assim? O nível de LDL nem foi especificado na questão! Para sabermos o valor do LDL podemos usar a fórmula de Friedewald em que LDL = CT – (TG/5) – HDL. No caso acima, o valor do LDL ficaria ao redor de 128, bem longe dos 190.

Bem, como o pcte não apresenta nenhuma das 3 primeiras indicações, pode ser que se enquadre na quarta opção. Para isso temos que calcular o seu risco cardiovascular em 10 anos. Para isso usaremos o escore de Framingham, certo? Errado. A nova diretriz americana propõe o uso de uma nova calculadora cardiovascular. Para baixá-la para o celular, acesse este link.

No caso acima, o risco do pcte é de 7,6%. Ou seja, está indicado terapia com estatinas. E qual a dose? Nestes casos recomenda-se que seja usada dose moderada a alta de estatina. Sinvastatina 10 mg/d é considerada dose baixa! Para lembrar das potências das diferentes doses de estatinas, acesse este link.

Sobre as outras alternativas, o uso de fibratos para o tratamento de hipertrigliceridemia tem ficado cada vez mais restrito devido à falta de benefícios cardiovasculares claros demonstrados em trabalhos. Torna-se imperativo tratar farmacologicamente níveis superiores a 500-1000 mg/dL devido ao risco de pancreatite que surge com tais taxas.

A nova diretriz americana colocou em segundo plano as demais medicações para reduzir colesterol. O ezetimibe é um bom exemplo disto já que trabalhos com o uso isolado da medicação (sem ser combinado com estatina) não mostraram benefícios cardiovasculares significantes.

Caso tenha achado a questão difícil ou não concorde com a resposta, reveja os novos conceitos apresentados pela diretriz americana de dislipidemias neste tópico e neste outro post.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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