Terapia Intensiva Cardiológica

Ressuscitação Cardiopulmonar: é melhor massagear de forma contínua ou intercalar com ventilações?

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A ressuscitação cardiopulmonar (RCP) consiste em compressões alternadas com ventilação à pressão positiva na tentativa de manter ventilação e oxigenação adequadas até o retorno da circulação espontânea. Sabe-se que durante as interrupções da massagem cardíaca ocorre redução do fluxo sanguíneo. Dessa forma, desde 2010 recomenda-se que leigos façam compressões contínuas em RCP, com diversos estudos mostrando equivalência em desfechos clínicos entre as duas modalidades. Dessa forma, foi publicado um estudo recentemente avaliando novamente essa questão.

Foram incluídos 26.148 pacientes vítimas de PCR extrahospitalar em 8 diferentes centros nos EUA. Os pacientes foram divididos em Grupo Controle: 30 compressões alternadas com 2 ventilações com pressão positiva, com pausas menores < 5 seg na compressão e; Grupo Intervenção: compressão contínua a 100 bpm associado a ventilações com pressão positiva assíncronas numa velocidade a 10 ipm.  O desfecho primário foi taxa de sobrevivência pós alta hospitalar. O desfecho secundário: status neurológico < 3 (escala Rankin modificada).

Resultado: Não se observaram diferenças entre os dois grupos nos desfechos primários e secundários principais.

Os autores concluem que em pacientes com PCR extrahospitalar a estratégia de massagem cardíaca contínua NÃO resultou em melhores taxas de sobrevivência ou status neurológico favorável em comparação com estratégia prévia de compressões alternadas com ventilação.

Comentários:

Foram excluídos muitos participantes pela dificuldade de classificação pelo programa de algoritmo automático em grupo controle vs intervenção.

Houve maior número de pacientes excluídos do grupo randomizados para compressão intermitente (fator confundidor?).

Ocorreu suspensão de alguns grupos de atendimento de urgência (tempo entre cross over entre os grupos).

Observou-se qualidade dos cuidados pós PCR com índices baixos de cateterismo precoce e hipotermia.

Não foram tomados cuidados no momento de ventilação (hiperventilação e hiperóxia?).

Este estudo segue a linha da nova Diretriz de 2015. O uso somente de compressões foi equivalente, no entanto só deve ser indicado por leigos não treinados.

Referências: Nichol G etal. Trial of Continuous or Interrupted Chest Compressions during PCR.NEJM 2015;10:1-12.

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Sobre o autor

Alexandre Soeiro

Alexandre de Matos Soeiro

Médico Assistente e Supervisor da Unidade Clínica de Emergência - InCor (HCFMUSP).
Coordenador do Curso Nacional em Emergências Cardiológicas •
Coordenador da Liga de Emergências Cardiovasculares do InCor - HCFMUSP. •
Professor Convidado de Graduação do Terceiro, Quarto e Sexto Anos da FMUSP.
Médico Preceptor em Cardiologia - InCor - HCFMUSP - 2011.
Especialista em Cardiologia pela SBC.
Residência Médica em Cardiologia -InCor - HCFMUSP.
Especialista em Clínica Médica pela SBCM.
Residência em Clínica Médica - HCFMUSP.
Graduação em Medicina pela FMUSP.

1 comentário

  • Em 2003, lá se vão 12 anos, o SARVER HEART CENTER dos EEUU no Arizona, já fazia ciclos de 200 compressões a cada 2 minutos sem ventilação(100 compressões para cada assistente). Naquele tempo a AMERICAN HEART ASSOCIATION orientava 15 compressões intercaladas com 2 ventilações. (?????). Aquí no Brasil permanecemos na idade da pedra da ressuscitação cardíaca, hoje, corretamente definida como RESSUSCITAÇÃO CÁRDIOCEREBRAL.

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