Coronariopatia Hemodinâmica

Revascularização Miocárdica Híbrida: o melhor de dois mundos?

Escrito por Giordano Bruno

Esta publicação também está disponível em: Português

Estudos clínicos cada vez mais apontam a superioridade da revascularização cirúrgica utilizando mamária comparado à angioplastia com stent, particularmente em diabéticos com anatomia mais complexa (estudos SYNTAX e FREEDOM).

Mas, e se pudéssemos usufruir das vantagens dos dois procedimentos em um mesmo paciente? Utilizar um enxerto arterial na artéria descendente anterior em um procedimento mais simples (minitoracotomia) e revascularizar as demais artérias com stent farmacológico (que em tese seria superior à ponte de safena). Esse procedimento é conhecido como revascularização híbrida.

híbrido

Estudo observacional publicado em julho/2016 no JACC, analisou prospectivamente 298 pacientes e não mostrou diferença de mortalidade, infarto, AVC e necessidade de revascularização quando cirurgia híbrida foi comparada à angioplastia com stent farmacológico em um período médio de 17 meses de acompanhamento.

O fato de não ter havido piores desfechos nos paciente que realizaram os 2 procedimentos justificou a realização de um novo estudo randomizado para testar a possível suprerioridade do procedimento híbrido em alguns casos.

Limitações do estudo:

  • Estudo observacional, não randomizado, com provável viés de inclusão e seleção;
  • Um número pequeno de pacientes, com amostra que representou somente 12% da amostra inicial (pacientes elegíveis não são encontrados facilmente no “mundo real”);
  • Pequeno percentual de procedimentos foram feitos simultaneamente (sala híbrida). A maioria fez com algumas semanas de intervalo.
  • Cirurgia minimamente invasiva foi praticamente regra no grupo híbrido, com mais da metade dos pacientes realizando cirurgia robótica (fora dos padrões, mesmo em centros avançados)
  • Não foi feita a comparação com revascularização cirúrgica completa
  • Tempo de seguimento curto. Via de regra os trabalhos com coronariopatia crônica acompanham os pacientes por um período médio de 4-5 anos. Muitas vezes os benefícios da estratégia cirúrgica demoram 2 ou 3 anos para começar a aparecer.

Em resumo

Este estudo acena sobre a possibilidade de realizar um procedimento de revascularização combinando intervenção percutânea e enxerto de mamária, sem elevação dos riscos, mas que possivelmente só estaria indicado em casos bem específicos e em centros considerados de excelencia em cirurgia minimamente invasiva. Devemos esperar os resultados dos trabalhos randomizados para saber se há real vantagem do procedimento no cotidiano.

Referência

Hybrid Coronary Revascularizationfor the Treatment of Multivessel Coronary Artery Disease. A Multicenter Observational Study. Diegeler. J Am Coll Cardiol 2016;68:356–65

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Sobre o autor

Giordano Bruno

Médico Cardiologista e Ecocardiografista formado pela UFPE
Supervisor da residência em cardiologia do Hospital Agamenon Magalhães - SES/PE
Coordenador dos protocolos da cardiologia do Realcor / Real Hospital Português/PE

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