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A trimetazidina é uma substância com efeitos metabólicos e anti-isquêmicos. Preserva o metabolismo energético da célula exposta à hipóxia ou isquemia, evitando queda da taxa intra-celular de ATP. Não tem efeito na hemodinâmica cardiovascular, portanto não altera a freqüência cardíaca ou pressão arterial.
É indicada, classicamente, para pacientes com angina refratária. Na diretriz brasileira de angina estável, é considerada indicação classe IIa para pacientes que estajam em terapia otimizada e múltipla, que permanecem sintomáticos, associado a outros anti-anginosos ou substituindo nitrato de ação prolongada; ou classe IIb, se intolerante a beta-bloqueador e antagonista de cálcio, em uso como terapia única ou associada a nitratos.
Não se sabe o impacto do uso dessa droga no prognóstico desses pacientes. O estudo de coorte retrospectiva METRO sugere que a introdução precoce dessa droga possa levar a uma menor mortalidade em 6 meses pós-IAM.
Estudos recentes mostram que seu uso em monoterapia para angina estável, além de melhora dos sintomas, pode levar a uma melhora na função ventricular esquerda. Após o início do uso dessa medicação, os pacientes melhoraram a FE em cerca de 6,8%.
Será que essa droga pode ser efetiva então para pacientes com Insuficiência cardíaca (IC)? Uma metanálise com 955 pacientes de 17 estudos mostrou que a trimetazidina melhorou a FE VE em cerca de 8% tanto em isquêmicos como não isquêmicos, além de melhorar sintomas (classificação NYHA) e duração de exercício. Nessa análise, houve melhora também em mortalidade, eventos cardiovasculares e hospitalização.
Assim, além da indicação em coronariopatas que precisa ser melhor avaliada, a trimetazidina pode ter um papel também em pacientes com IC, que também precisa de melhor definição em estudos maiores e com melhor metodologia.