Arritmia Emergências

Sotalol: você sabe usar esta medicação?

Escrito por Pedro Veronese

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O sotalol, uma mistura racêmica do L-sotalol e do D-sotalol, é um antiarrítmico da classe III de Vaughan Williams. O L-sotalol possui propriedades de betabloqueador e do D-sotalol é um antiarrítmico que atua na corrente de potássio de retificação retardada.

As principais indicações desse fármaco são:

1.    Arritmias atriais: extrassísitoles atriais, taquicardias atriais não sustentadas e taquicardias atriais sustentadas.

2.    Taquicardias paroxísticas supraventriculares.

3.    Fibrilação atrial e flutter atrial para manutenção do ritmo sinusal. É contra-indicado para reversão dessas arritmias.

4.    Arritmias ventriculares: extrassísitoles ventriculares, taquicardias ventriculares não sustentadas e sustentadas (em pacientes com e sem cardiopatia estrutural).

Contraindicações:

1.    Pacientes com intervalo QTc prolongado (QTc > 440ms para homens e QTc > 460ms para mulheres).

2.    Pacientes com disfunção ventricular esquerda.

3.    Pacientes com hipertrofia ventricular esquerda importante (Septo ou parede > 14mm).

4.    Broncoespasmo (contraindicação relativa).

Essa medicação pode prolongar o intervalo QTc e causar torsades de pointes em até 2-3% dos pacientes, principalmente quando doses mais elevadas são utilizadas, quando há associação de outros fármacos que também prolongam o intervalo QTc, na presença de disfunção ventricular esquerda e na doença renal crônica (devido a metabolização predominantemente renal desta droga).

As doses de sotalol são: 120 a 480mg/dia. Ao se introduzir esta medicação ou após se aumentar a dose ou após a introdução de fármacos que também prolonguem o intervalo QTc, um ECG deve ser sempre solicitado para se avaliar o intervalo QTc.

Nota do editor (Eduardo Lapa): muitas vezes vemos os médicos usando basicamente a amiodarona para manter o ritmo sinusal em pacientes com fibrilação atrial paroxística. Contudo, esta medicação possui inúmeros efeitos colaterais (tireoideanos, pulmonares, entre outros) e assim, seu uso é restrito a apenas alguns pacientes, como, por exemplo, pacientes com disfunção ventricular. A grande maioria dos outro pacientes que apresentam cardiopatias em graus menos avançados podem ser tratados com outras medicações, de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais. O sotalol entra neste contexto.

Dica: paciente coronariopatia com fração de ejeção preservada + FA paroxística = droga de escolha para manter em ritmo sinusal é o sotalol.

E se o paciente não tiver coronariopatia, for apenas um hipertenso com HVE discreta que começou com FA paroxística? Neste caso recomenda-se o uso de propafenona. Mas definitivamente não se deve ficar prescrevendo amiodarona como regra, mas sim como exceção devido aos seus efeitos colaterais.

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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