Arritmia Coronariopatia

Taquicardia ventricular em fase aguda de infarto: o que você faria?

Escrito por Eduardo Lapa

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Paciente de 53 anos chega à emergência com IAM com supra de ST anterior, sendo encaminhado para o cate de emergência. O exame mostra oclusão de de descendente anterior a qual é tratada com angioplastia primária. Logo após a ATC, o paciente faz taquicardia ventricular monomórfica com instabilidade sendo submetido à cardioversão elétrica com sucesso. Ecocardiograma realizado no dia seguinte mostra FE de VE de 32%. O que devemos fazer para evitar o risco de recorrência de arritmia neste momento?

Resposta:

Resposta: medicar com terapia tripla.

Arritmias que ocorrem durante a fase aguda de IAM (primeiras 48h) não pioram o prognóstico a longo prazo desde que tratadas adequadamente na fase aguda (obviamente você não vai ficar vendo o paciente fazer TV com instabilidade e fazer nada). Boa parte destas arritmias ocorre justamente devido à reperfusão da artéria culpada. Desta forma, não está indicado o implante de CDI como prevenção secundária nestes casos. A terapêutica padrão para IC com bbloq e espironolactona, por exemplo, já reduz significativamente o risco de morte súbita devido a arritmias graves. O indicado nestes casos é que o paciente seja tratado com tais medidas que comprovadamente reduzem mortalidade e que após pelo menos 40 dias o paciente seja reavaliado. SE ele persistir com FE menor ou igual a 35% E for sintomático (classe II ou III NYHA) E tiver uma boa expectativa de vida, pode-se indicar o CDI como estratégia de prevenção primária. Por que se? Porque estudos que avaliaram implante de CDI de forma mais precoce no pós-IAM não mostraram melhora. Qual seria o motivo? Um deles é que muitas vezes estes pacientes estão com miocárdio atordoado do IAM e após semanas da recanalização coronariana é frequente que a fração de ejeção que era bem ruim na fase aguda tenha melhorado substancialmente. Não obrigatoriamente tem que ter normalizado. Mas se tiver subido, digamos, para 45%, já não entraria mais na indicação de CDI como prevenção primária.

DICA: CDI não deve ser implantado no contexto de prevenção primária se:

  • IAM há menos de 40 dias OU
  • Cardiopatia isquêmica com indicação de revascularização (causa reversível) OU
  • Fração de ejeção acima de 35% OU
  • Expectativa de vida < 1 ano

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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