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Vale a pena fazer hipotermia terapêutica para AESP / Assistolia?

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Conforme discutido previamente em outro tópico do Cardiopapers (na categoria Dicas à Beira Leito), a hipotermia terapêutica deve ser realizada até 6hs após a parada cardiorrespiratória (PCR), para pacientes que não recuperam nível de consciência em até 1 hora do evento. Se a PCR for em ritmo de FV/TV, é considerado indicação classe I, nível de evidência B. No caso de  AESP ou assistolia, essa indicação é questionável (nos guidelines do AHA, é indicação classe IIb – NE B).

Estudo de coorte francês publicado recentemente no Circulation avaliou 1145 pacientes com parada cardiorrespiratória ocorrida em ambiente extra-hospitalar, nos quais as manobras de ressuscitação cardíaca foram realizadas com sucesso. Hipotermia terapêutica foi realizada em 457 dos 708  pacientes (65%) que apresentavam ritmo FV/TV, e em 261 dos 437 pacientes (60%) que apresentavam ritmo AESP/Assistolia; foi iniciada na admissão da UTI, utilizando resfriamento externo durante as primeiras 24hs para atingir uma temperatura de 32 a 34ºC.

A realização de hipotermia terapêutica no grupo FV/TV foi relacionada com melhor prognóstico neurológico (OR 1,90; IC 1,18 – 3,06). Já nos pacientes do grupo AESP/Assistolia (ritmo não chocável), não houve melhora significativa desse desfecho (OR 0,71; IC 0,37 – 1,36).

Os autores concluem que a realização da hipotermia terapêutica melhorou desfechos neurológicos no grupo FV/TV, e não houve diferenças no grupo não chocável. Apesar desse resultado negativo, os autores consideram a possibilidade de algum efeito benéfico no grupo AESP/Assistolia caso a hipotermia seja realizada por um maior período ou talvez com temperaturas mais baixas. Assim, pode haver uma luz no fim do túnel para aqueles que acreditam que hipotermia pode funcionar para ritmos não chocáveis. Só precisa ser demonstrado.

Referência: Dumas F, Grimaldi D, Zuber B, et al. Is hypothermia after cardiac arrest effective in both shockable and nonshockable patients? Circulation 2011; 123: 877-886

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Sobre o autor

Fernando Figuinha

Especialista em Cardiologia pelo InCor/ FMUSP
Médico cardiologista do Hospital Miguel Soeiro - Unimed Sorocaba.
Presidente - SOCESP Regional Sorocaba.

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