Coronariopatia ECG Emergências

Você precisa saber o que é Aslanger no ECG

Escrito por Lucas Aguiar

Esta publicação também está disponível em: Português

A definição no eletrocardiograma para infarto com supra de segmento ST merece sempre uma recapitulação rápida:

  • Em V2 e V3:
    • Mulheres: > 1,5mm
    • Homens > 40 anos: > 2mm
    • Homens < 40 anos: > 2,5mm
  • Derivações plano horizontal, bem como V1, V4-V6,  a elevação > 1 mm do ponto J define o supra de ST.
  • Para derivações a direita V3R e V4R, bem como V7 a V9, o ponto de corte para considerar supra de segmento ST é 0,5mm.

Mas ao mesmo tempo sabemos que existem alguns padrões eletrocardiográficos que não podem sair do nosso inventário no contexto de suspeita de SCA, dentre eles padrão de Winter e Wellens, descritos em outros artigos na nossa página. Estes são exemplos de padrões de ECG que não se enquadram na definição de infarto com supra, mas que podem se traduzir em oclusão aguda de coronária, com necessidade de reperfusão imediata.

O padrão de Aslanger no eletrocardiograma foi descrito recentemente, em 2020, caracterizando- se por:

  • Supra isolado de DIII
  • Infra concomitante em qualquer derivação de V4 a V6 com onda T ou final da onda T positiva
  • Segmento ST em V1 mais alto do que em V2

Abaixo exemplo de ECG:

Aslanger, ao observar a repetição de determinado padrão de ECG na sua prática clínica, levantou a hipótese de que um subgrupo de pacientes com infarto de parede inferior apresentava um padrão no ECG que poderia ser confundido com infarto sem supra de ST. Neste estudo, foram analisados retrospectivamente 3 grupos de pacientes:

  • Grupo I com 1000 pacientes com IAMSSST,
  • Grupo II com 400 pacientes com infarto com supra de parede inferior, e
  • Grupo III com 1000 pacientes sem infarto (troponina e ECGs seriados).

Todos esses pacientes tiveram seus ECG analisados e tinham sido submetidos a cateterismo.

O padrão de Aslanger foi encontrado em 6,3% dos pacientes do grupo com IAMSSST, sendo preditor de aumento de mortalidade, de maior extensão da área do infarto, maior frequência de doença multiarterial, bem como maior frequência de CX como artéria culpada.

De acordo com o paradigma do IAM com supra de ST, cerca de 30% dos pacientes classificados como IAM SEM supra apresentam oclusão aguda total de artéria coronária. Daí a importância de reconhecermos padrões que, apesar de não manifestar elevação do segmento ST, quando presente deve nos chamar atenção para a possibilidade de indicar terapia de reperfusão mais imediatamente, em contraste com uma estratificação invasiva mais tardia (24-72h).

Comentários do Editor
  • No mesmo estudo, 0,5% dos pacientes SEM infarto agudo do miocárdio manifestaram o mesmo padrão, o que pode ser resultado de alteração crônica de um insulto isquêmico prévio.
  • Atenção para o infarto agudo inferior sobreposto a infartos prévios, que pode alterar a orientação do vetor de corrente de lesão e causar padrão semelhante. 
  • Como um estudo retrospectivo, ainda precisamos entender melhor o papel do padrão de Aslanger na tomada de decisão para uma reperfusão imediata.
Referências:

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Lucas Aguiar

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