Devo Realizar Testes Funcionais de Rotina Após Angioplastia?

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Uma nova subanálise do ensaio POST-PCI indica que testes funcionais de rotina após angioplastia não trazem benefícios adicionais, mesmo em pacientes com doença arterial coronariana de múltiplos vasos ou do tronco da coronária esquerda.

Contexto clínico

As mais recentes diretrizes dos EUA, de 2023, atribuem aos testes de estresse de rotina após PCI uma indicação de classe III, enquanto as recomendações europeias deixam essa possibilidade como possível (classe IIb). Na prática, e até mesmo por hábito, muitos acabam solicitando testes repetidos e com alta frequência em pacientes revascularizados e assintomáticos.

Logo, qual o benefício desses testes?

Como o Estudo Foi Realizado?

O estudo analisou dados de 1.192 pacientes com doença de múltiplos vasos (n=833) ou do tronco da coronária esquerda (n = 359), acompanhando os resultados de testes funcionais de rotina em comparação com o cuidado padrão. Cerca de 3/4 dos pacientes tinham angina estável ou isquemia silenciosa, enquanto o restante tinha apresentado um síndrome coronária aguda (AI/IAM sem supra/IAM com supra de ST).

Principais Achados do Estudo

Os resultados revelaram taxas similares do desfecho primário — composto de morte por todas as causas, infarto do miocárdio ou hospitalização por angina instável — entre os pacientes submetidos a testes funcionais e aqueles que receberam cuidado padrão após 2 anos (6,2% no grupo de teste funcional vs 5,7% no grupo de cuidado padrão; HR 1,09; IC95% 0,68-1,74). Mais da metade dos pacientes (52,7%) no grupo de teste funcional passou por múltiplos testes de estresse.

Quando a análise foi limitada a pacientes apenas com doença de múltiplos vasos, os resultados permaneceram praticamente idênticos (6,2% vs 5,7%; HR 1,09; IC95% 0,62-1,89), assim como para aqueles apenas com doença do tronco da coronária esquerda (6.2% vs 5.7%; HR 1,09; IC95% 0,46-2,56; P para interação = 0,90).

Adicionalmente, observou-se uma tendência para uma maior realização de angiografia coronária invasiva (13,5% vs 9,6%; P = 0,06) e significativamente mais revascularizações repetidas (9,6% vs 6,0%; P = 0,03) com testes funcionais de vigilância realizados com frequência.

Estes dados indicam que os testes funcionais de rotina não contribuem para a melhoria do cuidado ou dos resultados dos pacientes após angioplastia, mesmo entre aqueles com doenças cardíacas complexas. Além disso, indicam um possível aumento de novas angiografias e mesmo revascularizações repetidas, sem mudanças de desfechos.

Implicações Práticas

Os resultados reforçam as diretrizes recentes, desencorajando testes de estresse de rotina após angioplastia em pacientes assintomáticos. Médicos são aconselhados a evitar esses testes, a menos que haja sinais clínicos ou mudanças nos sintomas indicativos de isquemia importante. Isso reduz procedimentos desnecessários e exposição à radiação. A análise sugere uma abordagem mais seletiva e baseada em evidências para o acompanhamento de pacientes após angioplastia, especialmente em populações de alto risco.