Coronariopatia Doença cerebrovascular

Nova droga para tratar doença cardiovascular aterosclerótica

Escrito por Humberto Graner

Esta publicação também está disponível em: Português

A colchicina, em sua dosagem baixa de 0,5mg, foi aprovada nos Estados Unidos para reduzir o risco de eventos cardiovasculares em pacientes adultos com doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA) estabelecida ou com múltiplos fatores de risco para doença cardiovascular. Esta foi a ampliação nas indicações em bula da colchicina aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA).

Já falamos um pouco sobre esta medicação e doença arterial coronária aqui, e também  neste outro post. Vamos falar um pouco mais da colchicina no contexto maior de doença cardiovascular aterosclerótica.

Quando considerar a colchicina?

Essa medicação está sendo vista como um potencial novo pilar no tratamento da DCVA, com foco específico na inflamação, que é uma grande contribuinte para a aterosclerose. A indicação abrange uma ampla população de pacientes, especialmente aqueles com risco residual de eventos cardiovasculares, mesmo após o tratamento padrão com estatinas e controle da pressão arterial.

No que diz respeito à prescrição, a colchicina pode ser considerada em diversos contextos. Se, após o tratamento com estatina em alta dose, o paciente ainda apresenta LDL elevado, uma outra droga para redução do LDL deve ser adicionada. Além disso, problemas como diabetes e obesidade podem ser abordados diretamente. No entanto, se o paciente ainda assim apresentar risco inflamatório residual, a colchicina pode ser considerada.

Como mecanismo “antinflamatório”, devo solicitar PCR?

O uso da colchicina não requer necessariamente a medição do proteína C-reativa de alta sensibilidade (PCR), um biomarcador de inflamação. Embora alguns especialistas indiquem que se possa lançar mão da PCR e tratar aqueles com níveis acima de 2 mg/L, isso não é obrigatório, pois a PCR não foi medida e não era obrigatória nos ensaios que demonstraram os benefícios da colchicina.

Segurança

É importante ressaltar que a colchicina não é adequada para pacientes com doença renal avançada e alguns cuidados devem ser tomados devido a potenciais interações medicamentosas. Além disso, ela pode causar alguns efeitos colaterais gastrointestinais e musculares, mas estes são geralmente moderados e a maioria dos pacientes será capaz de tomar o medicamento sem problemas.

Concluindo…

A colchicina tem o potencial de se tornar uma parte integrante do tratamento da DCVA ao lado das estatinas, especialmente em pacientes com alto risco inflamatório residual. Como cardiologista, estou ansioso para integrar essa nova opção de tratamento na prática clínica, inicialmente em pacientes de alto risco e, possivelmente, em uma gama mais ampla de pacientes à medida que nos familiarizamos mais com a droga.

Como sempre, a decisão de iniciar um novo medicamento deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa do perfil individual do paciente e dos possíveis benefícios e riscos.

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Sobre o autor

Humberto Graner

Co-Editor do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Medicina Intensiva
Professor das Faculdades de Medicina da UFG e UniEvangélica (Goiás)
Doutor em Ciências pelo InCor-HCFMUSP
Fellowship em Coronariopatias Agudas pelo InCor-HCFMUSP
Coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein - Unidade Goiânia (GO)
Pesquisador da ARO (Academic Research Organization) - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP)

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