Esta publicação também está disponível em:
Pacientes em uso de balão intra-aórtico (BIA) devido a choque cardiogênico geralmente usam em associação doses altas de inotrópicos (ex: dobutamina, milrinone). Uma dúvida beira-leito comum é de como fazer para desmamar o BIA quando o paciente começa a mostrar sinais de melhora do choque. Uma das formas recomendadas é começar diminuindo a dose do inotrópico progressivamente, mantendo o BIA em 1:1. Ao chegar em doses moderadas do inotrópico (ex: dobutamina ao redor de 6-8 mcg/kg/min), passa-se o BIA para 1:2. Após algumas horas (3-6 h, por exemplo) são colhidas amostras de gasometria arterial e venosa com lactato para se avaliar a micro-hemodinâmica (CO2 gap, lactato, BE, bicarbonato) além de se observar parâmetros de macro-hemodinâmica (diurese, FC, PA, etc). Caso o paciente tenha tolerado bem a diminuição do BIA, passa-se o mesmo para 1:3 e aguarda-se novamente mais 3-6 h para se reavaliar a macro e micro-hemodinâmica. Caso o paciente tolere bem o BIA em 1:3 por este período, o mesmo já pode ser retirado.
OBS1: em alguns serviços é costume utilizar-se heparinização plena em pacientes em uso de BIA devido ao possível efeito pró-trombótico que o mesmo pode apresentar. Se este for o caso, o ideal é manter a heparina não fracionada ligada enquanto o BIA estiver em 1:2 e 1:3 já que o risco de trombose é maior neste momento. Uma vez decidido retirar o balão, volta-se o mesmo para 1:1, desliga-se a HNF e após 6 hrs, retira-se o dispositivo.
OBS2: recomenda-se desmamar primeiro o inotrópico até doses moderadas e posteriormente o BIA uma vez que se o paciente apresentar piora do quadro clínico após retirada do balão o médico possui a oportunidade de aumentar o inotrópico até dose máxima e assim tentar compensar o quadro do paciente sem ter que repassar o BIA.
Muito bom este artigo, uma pena que tive a oportunidade de ler agora, pois se fosse antes, poderia explorá-lo em minha monografia.