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Os inibidores SGLT2, os agonistas do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e o antagonista não esteróide do receptor mineralocorticóide (ARM) finerenona provaram reduzir, individualmente, os desfechos cardiovasculares, renais e de mortalidade em pacientes com diabetes tipo 2 e albuminúria. No entanto, os benefícios da terapia combinada com estes medicamentos ao longo da vida não são conhecidos.
Portanto, qual seriam os potenciais benefícios aos prescrevermos as três classes de medicamentos de forma concomitante?
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Como não há estudos específicos que tenha avaliado pacientes utilizando simultaneamente essas medicações de forma associada, pesquisadores se valeram de recursos estatísticos para recriar essas possibilidades. O estudo utilizou dados de ensaios clínicos de SGLT2i (CANVAS e CREDENCE), finerenona – um MRA não esteroidal (FIDELIO-DKD e FIGARO-DKD), e 8 ensaios de agonistas do receptor GLP-1. Os pesquisadores compararam os efeitos da terapia combinada com o tratamento convencional que esses pacientes recebem (bloqueio do sistema renina-angiotensina e controle tradicional de fatores de risco) em desfechos cardiovasculares, renais e de mortalidade.
Quais os resultados?
Comparada ao cuidado convencional, a terapia combinada de inibidores SGLT2, agonista do receptor GLP-1 e finerenona esteve associada a uma redução significativa de até 35% no risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE), com um hazard ratio de 0,65 (IC95% 0,55 – 0,76). A redução absoluta de risco estimada ao longo de 3 anos foi de 4,4%, com um número necessário para tratar de 23. Para um paciente de 50 anos iniciando a terapia combinada, estima-se um ganho de 3,2 anos de sobrevida livre de MACE, além de ganhos em sobrevida livre de insuficiência cardíaca hospitalizada, progressão da DRC, morte cardiovascular e morte por todas as causas.
Conclusões
Em pacientes com diabetes tipo 2 e albuminúria moderada a grave, a terapia combinada com inibidores SGLT2, agonista do receptor GLP-1 e finerenona tem o potencial de oferecer ganhos relevantes em sobrevida livre de eventos cardiovasculares e renais, bem como na sobrevida geral em pacientes com diabetes tipo 2. Esses resultados destacam a importância da terapia combinada nesse grupo de pacientes, sugerindo um avanço significativo no manejo da doença.
Próximos passos
Estas medicações estão amplamente disponíveis e à disposição dos médicos. A inércia terapêutica, definida como a falha em iniciar ou intensificar o tratamento de forma oportuna, é um desafio significativo no manejo do diabetes, especialmente em pacientes com complicações renais como albuminúria. Os resultados deste estudo sobre a terapia combinada com inibidores SGLT2, GLP-1 RA e finerenona oferecem uma perspectiva importante para avançamos na discussão da terapia combinada para esse perfil de pacientes.
A inércia terapêutica pode resultar em perda da oportunidade de reduzir significativamente os riscos cardiovasculares e renais. Esses resultados incentivam a adoção de uma abordagem mais agressiva e multifacetada. Uma das razões para a inércia terapêutica é a resistência à mudança, seja por falta de conhecimento sobre novas terapias ou preocupações com efeitos colaterais e custos. Por isso, insistimos tanto em educação médica de qualidade na Afya Cardiopapers.
Sobre potenciais efeitos colaterais e custos, é crucial envolver os pacientes na tomada de decisão. Isso inclui informá-los sobre os benefícios potenciais e os riscos das opções disponíveis. Além disso, o custo e a disponibilidade desses medicamentos podem ser desafiadores, e este é mais um fator importante para trazer o paciente no centro da discussão.
Embora os resultados sejam promissores, novos estudos, de caráter prospectivos, são necessárias para entender melhor o impacto dessa terapia combinada em diferentes subgrupos de pacientes e em situações clínicas diversas.
Referências
Neuen BL, Heerspink HJL, Vart P, Claggett BL, Fletcher RA, Arnott C, de Oliveira Costa J, et al. Estimated Lifetime Cardiovascular, Kidney and Mortality Benefits of Combination Treatment With SGLT2 Inhibitors, GLP-1 Receptor Agonists, and Non-steroidal MRA Compared With Conventional Care in Patients With Type 2 Diabetes and Albuminuria. Circulation. 2023 Nov 12. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.123.067584.
