Semiologia

Entenda de uma vez por todas o Pulso Venoso!

Escrito por Lucas Aguiar

Esta publicação também está disponível em: Português

Ao pensarmos no pulso venoso, devemos pensar em um cateter logo na entrada do átrio direito, medindo as pressões naquele ponto, que variam de forma fisiológica conforme o ciclo cardíaco. E o que vamos fazer aqui é tentar interpretar de forma direta o que significa cada pico e vale da curva do pulso venoso.

A melhor forma de avaliar o pulso venoso é com o paciente elevado 45 graus de decúbito. Podemos dizer que cada onda e descenso representa uma fase do ciclo cardíaco, com a visão de quem está na entrada do átrio direito.

Onda a: representa contração atrial direita pré-sistole;

  • A passagem de sangue do átrio para o ventrículo ocorre na diástole, sendo que cerca de 80% ocorre pela diferença de pressão entre as câmeras, fazendo com que o sangue saia do átrio para o ventrículo. Os últimos 20% correspondem a sístole atrial – ou seja, o átrio se contraí e “empurra” o restante de sangue para o ventrículo. E é esta contração que explica a onda a inicial;

Descenso x: ocorre por causa da sucção diastólica atrial criada pela sístole ventricular puxando a válvula tricúspide para baixo;

  • Agora durante a sístole há a contração do ventrículo. Ao contrair, para ejetar o sangue para a aorta, a válvula tricúspide é repuxada para baixo, aumentando o volume do átrio e reduzindo a pressão na sua cavidade. Relembrando a Lei de Laplace, em que Pressão = (2 x Tensão x Espessura) / Raio. Logo, se aumentamos o raio, a pressão na cavidade diminui, por isso o descenso x.

Onda c: Não esquecemos dela! Ela representa a interrupção dessa descida quando a sístole ventricular empurra a válvula fechada para o átrio direito;

  • Imagine que o ventrículo é um músculo se contraindo para empurrar sangue contra uma resistência que é a aorta. Ao se contrair, ele empurra o sangue para “frente”, que se direciona para a aorta. Mas digamos que uma parte dessa massa de sangue “esbarra” na válvula tricúspide fechada, sendo empurrada contra a cavidade atrial. Isso justifica essa breve interrupção do descenso, chamada de onda c

Onda v: representa o enchimento atrial, ocorrendo no final da sístole ventricular.

  • No final da sístole, o átrio começa a receber sangue da veia cava superior e inferior, e essa onda nada mais é do que esse enchimento atrial. Entender esse mecanismo é essencial, pois na insuficiência tricúspide por exemplo, por um defeito nesta válvula, o enchimento atrial vai acontecer com o sangue proveniente das veias cavas (fisiológico), bem como da cavidade ventricular (regurgitação devido falha de fechamento da tricúspide). Esse enchimento é bem maior, justificando a clássica onda V gigante presente nessa patologia.

Descenso y: se segue a onda V e reflete a queda na pressão do átrio direito após a abertura da valva tricúspide.

  • Nesse momento a valva tricúspide se abre, esvaziando o sangue para o ventrículo, levando naturalmente a queda da pressão nessa cavidade, explicando esse descenso!

Muita coisa? Se resistiu até aqui, vale mais essa informação, muito presente em provas. A famosa onda A em canhão, que nos deve sempre fazer lembrar do BAVT. Devido a dissociação atrioventricular, imagine que em um momento o átrio se contraiu, mas o ventrículo também estava se contraindo naquele momento, ou seja, a valva tricúspide estava fechada. Dessa forma, o átrio tentou empurrar uma massa de sangue contra um obstáculo fechado – levando a um aumento dessa onda A bem maior do que a habitual, daí a denominação de onda A em canhão.

Sensacional, não?

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Lucas Aguiar

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