Lípides Prevenção

Como o Escore de Cálcio Coronariano pode te ajudar no consultório?

Escrito por Elaine Coutinho

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O escore de cálcio coronariano (ECC) é um exame de baixa complexidade, realizado por tomografia computadorizada sem contraste que permite a avaliação da presença e a extensão de aterosclerose nas coronárias, sendo um marcador altamente específico de aterosclerose subclínica. Um dos principais estudos que embasa sua utilização, o MESA (Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis), demonstra que as taxas de eventos variaram de 1,3% a 5,6% para ECC 0 e de 13,1% a 25,6% para ECC >300. Assim, o escore de cálcio coronariano auxilia na tomada de conduta:  em pacientes assintomáticos nos quais há duvidas sobre tratamento, o exame fornece um indicador para iniciar ou intensificar farmacoterapia preventiva  com estatinas.

Imagine-se em atendimento a um paciente que te procura sobre tratar ou não seu colesterol. Primeiramente, você irá estimar o seu risco cardiovascular (Framinham, SCORE, ACC/AHA) – Diante de um resultado intermediário, (no caso AHA/AAC 7,5%-20% de risco de doença cardiovascular aterosclerótica – DCVA) ou limítrofe ( 5%-7,5% de risco de DCVA em 10 anos), avaliamos em seguida a presença dos fatores de risco:  história familiar de DCVA prematura, LDL-C persistentemente > 160 mg/dL ou triglicerídeos>175 mg/dL, doença renal crônica (DRC), síndrome metabólica, doenças inflamatórias (artrite reumatóide, psoríase e HIV), PCRus ou lipoproteína(a) de alta sensibilidade elevada. A presença deles favorece a necessidade de tratamento com estatina de intensidade moderada. Mas se ainda assim houver dúvida sobre tratar ou não seu paciente, considere o escore de cálcio coronariano.

Indicações:
  • Idade > 40 anos +
  • Risco intermediário +
  • Assintomático (NÃO solicitar em pacientes sintomáticos!)
Limiar Comum de Tratamento
  • ECC = 0: risco reduzido, considerar não tratar (discussão caso haja DM2, HF DAC prematura ou tabagismo.
  • ECC >100 ou p>75: iniciar/considerar estatina independentemente do ERF.
  • ECC de 1 a 99: individualizar,  o risco permanece intermediário.
Algumas particularidades, segundo o NLS:

⋅ Menor que 40 anos, História familiar positiva para DACV precoce e ECC > 0: considerar estatina de moderada potência.

⋅ Idosos 76-80 anos: se ECC > 100, tratar com estatinas. Entre 0-10, considerar evitar tratamento.

⋅ Diabéticos entre 40-75 anos: Independente do ECC, introduzir pelo menos estatina de moderada potência.

⋅ E os pacientes de baixo risco? Já que a pontuação ECC será positiva em menor frequência, a recomendação em geral é não solicitar ECC, a menos que haja Antecedente familiar de DAC precoce, lpa >50 mg/dl ou hipercolesterolemia familiar (recomendação CCS). Caso ECC >100, reclassificar o paciente como risco adicional e considerar iniciar terapia com estatina.

⋅ A cada quanto tempo repetir o exame? Para indivíduos de baixo risco ou com ECC = 0, o ACC/AHA e ESC recomendam que o rastreio de ECC possa ser repetido em 5 a 10 anos, entre 100-300 e LDL > 70 mg/dl, a National Lipid Society recomenda repetir a cada 3 anos. Se ECC elevado (> 400) podem não necessitar de repetição – visto que já possuem evidência de risco aumentado ou são sintomáticos.

Referência:

Major Global Coronary Artery Calcium Guidelines. J Am Coll Cardiol Img 2023;16:98–117

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Elaine Coutinho

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