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O que você precisa saber sobre AVC periprocedimento de ICP

Escrito por Lorena Viana

Esta publicação também está disponível em: Português

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma complicação incomum em pacientes submetidos à intervenção coronária percutânea (ICP) e está associado ao aumento da morbimortalidade.1,2 Carrena O. et al3 avaliaram as tendências na incidência e mortalidade relacionada a todas as causas de AVC peri-ICP, em uma análise retrospectiva de pacientes submetidos a uma ICP (n= 7.434.161) de 2009 a 2020. O AVC periprocedimento de ICP foi definido como uma nova perda da função neurológica por mais de 24 horas causada por uma lesão cerebral isquêmica ou hemorrágica, ocorrendo entre o início de um procedimento ICP, até o próximo procedimento ou alta hospitalar e posteriormente adjudicados.

O AVC periprocedimento de ICP ocorreu em 22.741 pacientes, com aumento progressivo de sua incidência absoluta, que quase dobrou durante o período de estudo (21,92 eventos por 10.000 ICPs no início vs 41,15 eventos por 10.000 ICPs no final; P < 0,0001). A incidência de AVC periprocedimento de ICP apresentou um relativo aumento de 1,6% por trimestre ao longo do tempo (RR: 1,016; 95% CI: 1,014-1,018). Essa tendência de aumento do evento periprocedimento persistiu mesmo após o ajuste para alterações nos fatores de risco do paciente ao longo do tempo (RR: 1,015; 95% CI: 1,014-1,016). Esse achado pode ser sugerido devido à expansão do uso da neuroimagem.

Apenas 36,4% dos pacientes com AVC periprocedimento de ICP receberam alta para casa, 20,9% faleceram no hospital, 3,2% receberam alta para cuidados paliativos, e os pacientes restantes receberam alta para uma unidade de enfermagem especializada, cuidados prolongados ou centro de reabilitação. A taxa combinada de fatalidade e alta para cuidados paliativos após um AVC após ICP aumentou ao longo do estudo período em 0,062% a cada trimestre (95% CI: 0,019%- 0,105%) ou similarmente 0,24% ao ano.

Uma abordagem geral para avaliação de risco e prevenção de AVC com agentes antiplaquetários ou anticoagulação, uso de estatinas e o manejo adequado da pressão arterial pode contribuir para diminuir esse risco (https://d3gjbiomfzjjxw.cloudfront.net/vale-a-pena-prescrever-dupla-antiagregacao-para-prevenir-recorrencia-de-avc/).Da mesma forma, o uso criterioso de dispositivos de aspiração, um encaixe adequado do cateter-guia e meticulosa aspiração e lavagem do dispositivo de trombectomia e guiar o cateter com proteção distal podem provavelmente reduzir o risco de AVC em pacientes com uma grande carga aterosclerótica. Além disso, vale lembrar de minimizar o uso de cateteres de grande calibre e evitar manipulação excessiva naqueles submetidos a ICP complexa e em aqueles com aterosclerose avançada (doença vascular carotídea e periférica, doença coronariana complexa e idosos).2

Finalmente, apenas uma pequena minoria recebe trombólise ou trombectomia mecânica.2 Embora a trombólise pode ser desafiadora naqueles com acesso femoral ou com anticoagulação recente para ICP, o uso da trombectomia mecânica continua sendo uma opção para os pacientes com oclusão intracraniana proximal.

A principal limitação deste estudo é que o diagnóstico de novo AVC periprocedimento de ICP foi baseado no relato por centro para o registro usando definições de eventos predefinidas. Assim, nenhuma informação de imagem ou clínica, determinação da gravidade ou subtipo de AVC (embólico, trombótico ou hemorrágico) estava disponível que podem ter diferentes implicações para a prevenção.

Em conclusão, a incidência de AVC periprocedimento de ICP período foi baixa, mas aumentou ao longo do tempo. Esses resultados representam alvos potenciais para estudos futuros a fim de explorar mecanismos e estratégias para diminuir a incidência desse evento adverso.

Quer saber mais dicas sobre AVC? Confira nosso podcast: https://www.youtube.com/watch?v=QVGCSOyaJjM

Referências:

  1. Yamamoto K, Natsuaki M, Morimoto T, et al. Periprocedural stroke after coronary revascularization (from the CREDO-Kyoto PCI/CABG Registry Cohort-3). Am J Cardiol. 2021;142:35–43.
  2. Alkhouli M, Alqahtani F, Tarabishy A, Sandhu G, Rihal C. Incidence, predictors, and outcomes of acute ischemic stroke following percutaneous coronary intervention. J Am Coll Cardiol Intv. 2019; 12:1497–1506.
  3. Carrena O, Young R, Tarrar IH et al. Trends in the Incidence and Fatality of Peripercutaneous Coronary Intervention Stroke. J Am Coll Cardiol 2022; 80(18): 1772-1774. (https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0735109722066918?via%3Dihub)

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