Emergências

Qual o período ideal para controle de temperatura após PCR?

Escrito por Alexandre Soeiro

Esta publicação também está disponível em: Português

No período pós-parada cardiorrespiratória (PCR) existem diversas medidas complementares que são capazes de melhorar desfechos como sobrevida e redução de danos neurológicos. Uma delas sempre comentada é o controle de temperatura do paciente após PCR, reduzindo/não exacerbando de certa forma o metabolismo cerebral e reduzindo sequelas neurológicas. (Veja também em https://d3gjbiomfzjjxw.cloudfront.net/vale-a-pena-fazer-hipotermia-apos-parada-cardiaca/).

Baseado nisso, estudo recente avaliou estratégias diferentes de controle rigoroso de temperatura corpórea em pacientes após PCR que retornavam comatosos, por 36h versus 72h. Para tal, foram randomizados 789 pacientes na razão de 1:1 em dois grupos: Grupo de 36h (primeiras 24 h com controle alvo de 36ºC + 12h à 37ºC) e Grupo de 72h  (primeiras 24 h com controle alvo de 36ºC + 48h à 37ºC). O controle de temperatura foi realizado de maneira intravenosa com um dispositivo chamado CritiCool and Allon. O desfecho primário avaliado foi um combinado entre morte e alta hospitalar com sequela neurológica avançada em 90 dias.

Como resultado, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos 36h (123 eventos – 32,3%) versus 72h (133 eventos – 33,6%) com HR=0,99 (IC 95% 0,77-1,26) e P=0,70. Componentes individuais do desfecho primário e os desfechos secundários também não tiveram diferença alguma entre as duas estratégias. Por fim, não houve diferença entre os grupos em relação aos eventos adversos.

Dessa forma, continuamos indicando estratégias de controle de temperatura no período imediato pós-PCR, uma vez que isso tem comprovação científica de melhora prognóstica. No entanto, cabe discutir o período ideal. Talvez períodos mais curtos, como 36h, sejam suficientes para tal.

REFERÊNCIA

Hassager C, Schmidt H, Møller JE, Grand J, et al.  Duration of Device-Based Fever Prevention after Cardiac Arrest. N Engl J Med. 2022 Nov 6. doi: 10.1056/NEJMoa2212528. Epub ahead of print.  https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2212528?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed

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Sobre o autor

Alexandre Soeiro

Alexandre de Matos Soeiro

Médico Assistente e Supervisor da Unidade Clínica de Emergência - InCor (HCFMUSP).
Coordenador do Curso Nacional em Emergências Cardiológicas •
Coordenador da Liga de Emergências Cardiovasculares do InCor - HCFMUSP. •
Professor Convidado de Graduação do Terceiro, Quarto e Sexto Anos da FMUSP.
Médico Preceptor em Cardiologia - InCor - HCFMUSP - 2011.
Especialista em Cardiologia pela SBC.
Residência Médica em Cardiologia -InCor - HCFMUSP.
Especialista em Clínica Médica pela SBCM.
Residência em Clínica Médica - HCFMUSP.
Graduação em Medicina pela FMUSP.

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