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Como medir o débito cardíaco pelo POCUS ?

Escrito por Giordano Bruno

Esta publicação também está disponível em: Português

O débito cardíaco é uma variável preciosa em cenários envolvendo pacientes críticos, particularmente doentes em choque, utilizando inotrópicos ou vasoativos. Tradicionalmente medido de maneira invasiva, sua medida em ecocardiografia exige um cálculo que envolve o fluxo ejetado pelo ventrículo esquerdo e a área seccional do ponto onde é obtido esse fluxo. Mas, seria o débito cardíaco mensurável também pelo POCUS (point of care ultrasound)? 

Essa medida tem razoável correlação com o débito real, mas o que faz ser mais atrativa do ponto de vista prático é a sua correlação com a variabilidade ou seja, o tipo e a intensidade da variação são facilmente detectados especialmente utilizando um técnica fácil e reprodutível (um dos princípios da metodologia POCUS)

Medida do Fluxo da Via de Saída do Ventrículo Esquerdo (TVI da VSVE)

Com o transdutor na região apical do paciente e a partir do corte convencional de 4 câmaras, após uma ligeira rotação horária com anteriorização do transdutor chegamos ao corte 5 câmaras, que expõe a via de saída do ventrículo esquerdo, valva aórtica e aorta proximal

Figura representando as 5 câmaras do corte apical 5C com a localização da linha do Doppler pulsátil posicionada para obter o fluxo na via de saída do ventrículo esquerdo.

Após o posicionamento do transdutor colocamos o Doppler pulsátil (PW) na região correspondente à via de saída do ventrículo esquerdo e o fluxo obtido abaixo da linha de base representa todo o fluxo sistólico que passa nessa região.

Quando selecionamos essa curva automaticamente o aparelho calcula as velocidades e gradientes máximo e médio, e fornece o integral da velocidade ou o TVI, que tem correspondência proporcional a todo o fluxo que atravessa essa região, logo é proporcional ao débito cardíaco

 

Valor Normal do VTI da VSVE : Igual ou maior que 18cm

O VTI da VSVE é excelente para avaliações sequenciais (após alguma intervenção ou intercorrência) – predizendo na mesma magnitude uma mudança do volume sistólico ejetado. Como o débito cardíaco é proporcional à FC, pode-se registrar no eco-hemodinâmico o produto:  VTI x FC para fins comparativos (um aumento da FC sem variação do VTI indica obviamente aumento do débito cardíaco).

Mas seria possível estimar exatamente o volume sistólico ejetado com o VTI ?

É simples: somente multiplicar o TVI da VSVE pela área da VSVE em cm².  Vejamos um exemplo:

Nesse exemplo, o TVI é 26,9cm, ou seja, normal (VN>18cm). Mas se quisermos estimar o volume sistólico é só calcular a área da via de saída através da medida do diâmetro da via de saída (figura abaixo)

Para um diâmetro de 1.7cm (raio de 0.85cm), estimamos a área em 2,26cm² (lembrando que a área = ΠR²),

multiplicando 2,26 por 26,9 temos um volume sistólico de 60ml.

Para calcular o débito cardíaco multiplicamos esse volume pela frequência cardíaca (72bpm nesse caso):

DC = VS x FC = 60 x 72 = 4320ml/min

 

Com isso, facilmente conseguimos medir o débito cardíaco pelo POCUS, a fim de melhorar o cuidado aos nossos pacientes críticos.

 

Quer mais dicas sobre POCUS? Cheque neste nosso post: https://d3gjbiomfzjjxw.cloudfront.net/como-usar-a-metodologia-pocus-para-medir-a-funcao-do-ventriculo-esquerdo/)

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Sobre o autor

Giordano Bruno

Médico Cardiologista e Ecocardiografista formado pela UFPE
Supervisor da residência em cardiologia do Hospital Agamenon Magalhães - SES/PE
Coordenador dos protocolos da cardiologia do Realcor / Real Hospital Português/PE

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