Arritmia

Por que Mulheres com FA têm maior Risco de Eventos Embólicos?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português

Todos sabemos que o sexo feminino está associado a maiores taxas de acidente vascular cerebral (AVC) em portadores de fibrilação atrial (FA), mesmo após ajustes das demais variáveis de risco, avaliadas no CHADSVASc escore.

Já parou para pensar qual a causa disso?

Um recente estudo populacional publicado pela Sociedade Europeia de Cardiologia tenta desvendar essa causa.

Utilizando uma base de dados administrativos, pesquisadores de Ontário, entre os anos de 2007 e 2019, avaliaram uma coorte com 354.254 indivíduos com idade ≥ 66 anos e com diagnostico de FA.

3 modelos de análise foram realizados pelos autores:

Modelo 1: incluiu os clássicos fatores do CHADSVASc escore, comparando idade 66 – 74 anos vs ≥ 75 anos.

Modelo 2: a idade foi tratada como uma variável contínua e os pesquisadores focaram na interação entre idade e sexo.

Modelo 3: focou nas multimorbidades dos pacientes e marcadores de cuidados cardiovasculares.

A idade média da coorte foi de 78 anos e as mulheres representavam 49,2% dos participantes. Alguns achados importantes:

  1. A idade do diagnóstico de FA foi maior entre as mulheres;
  2. As mulheres eram mais propensas a serem diagnosticadas com FA em serviços de emergência;
  3. Elas eram menos propensas a receberem avaliações cardiológicas em relação aos homens;
  4. Elas eram menos propensas a receberem estatinas ou serem submetidas a testes para dosagem do LDLc;
  5. Elas tinham níveis mais elevados de LDLc e pressão arterial sistólica em relação aos homens.

No modelo 1, o HR (hazard ratio) ajustado para AVC associado ao sexo feminino foi 1,27 (95%IC 1,21 – 1,32). O modelo 2 revelou uma interação idade-sexo significativa, de modo que o sexo feminino só foi associado ao aumento do risco de AVC em idade > 70 anos. O ajuste para marcadores de cuidados cardiovasculares e multimorbidades diminuiu o HR, de modo que o sexo feminino não foi associado ao aumento do risco de AVC em idades ≤ 80 anos.

A conclusão dos autores:

A idade avançada e as desigualdades nos cuidados cardiovasculares podem explicar, parcialmente, as taxas mais elevadas de AVC em mulheres com FA

Mensagem Final:

O maior risco de AVC entre as mulheres com FA pode estar relacionado com desigualdades nos cuidados cardiovasculares. Este achado sugere que a redução das diferenças nos cuidados cardiovasculares entre os sexos pode atenuar o risco excessivo de AVC entre as mulheres com FA.

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Referência:

Buhari H, Fang J, Han L, et al. Stroke risk in women with atrial fibrillation. Eur Heart J. 2023 Aug 30:ehad508. doi: 10.1093/eurheartj/ehad508. Epub ahead of print.

 

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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