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A observação cuidadosa do ECG de uma taquiarritmia supraventricular pode ajudar a determinar o diagnóstico etiológico da mesma. Uma dica particularmente importante é notar como a arritmia terminou. Como assim?
Em uma taquicardia supraventricular por reentrada, seja utilizando uma dupla via nodal (taquicardia por reentrada nodal – TRN), seja utilizando uma via acessória (taquicardia atrioventricular ortodrômica – TAV), sempre há um braço mais vulnerável e outro menos vulnerável. Quando ocorre a interrupção espontânea da taquicardia, ela costuma ocorrer no braço mais vulnerável, que é a porção anterógrada do circuito de reentrada (que leva o estímulo dos átrios para os ventrículos). Desta forma, a taquicardia, em geral, termina com onda p.
Na TRN, esse braço mais vulnerável é a via lenta nodal, que leva o estímulo dos átrios para os ventrículos. Portanto, quando a taquicardia se interrompe no braço anterógrado, a última onda a se inscrever é a onda p retrógrada. O mesmo ocorre na TAV, que tem o nó atrioventricular como braço mais vulnerável, ou seja, a porção anterógrada do circuito. Veja a figura 1:
Na taquicardia atrial (TA), quando o foco automático se interrompe nos átrios, o mais provável é que o estímulo elétrico consiga descer pelo nó atrioventricular gerando um QRS. Desta forma, a taquicardia termina com QRS. Veja a figura 2:
Resumindo:
- quando há a interrupção espontânea de taquicardias por reentrada (TRN ou TAV), a última onda a se inscrever é, em geral, a onda p. Quando há a interrupção espontânea de uma TA, a última onda a se inscrever é, em geral, o QRS.