Arritmia

E se eu pudesse reverter minha TPSV em casa?

Escrito por Pedro Veronese

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A estratégia “Pill in the Pocket” já em bem conhecida e validada para o tratamento da fibrilação atrial. E se o paciente com taquicardia paroxística supraventricular (TPSV) pudesse fazer o mesmo? Tratar as suas crises se autoadministrando medicação fora do ambiente hospitalar?

O etripamil é um bloqueador de canal de cálcio administrado intranasal para reversão de TPSV que dependa do nó atrioventricular.

  • Quer saber mais sobre este fármaco? Veja esse post escrito por mim aqui.

O RAPID trial, publicado recentemente no Lancet, testou a eficácia e segurança do etripamil 70 mg spray nasal para autoadministração, em pacientes no extra-hospitalar, com sintomas de taquicardia sustentada. Os pacientes deveriam ter mais de 18 anos e eram submetidos a duas doses testes em ritmo sinusal para se verificar a tolerância à medicação antes da randomização.

Foram randomizados 692 pacientes de serviços americanos e europeus de outubro de 2020 a julho de 2022. Destes, 184 precisaram fazer a autoadministração, pois apresentaram TPSV no período (n=99 epitramil; e n=85 placebo).

E quais foram os resultados?

A taxa de conversão em até 30 min. foi 64% (63/99) no grupo etripamil vs 31% (26/85) no grupo placebo (HR 2,62; IC 95% 1,66 – 4,15; p< 0,0001). O tempo médio de reversão foi 17,2 min. (IC 95% 13,4-26,5) no grupo etripamil vs 53,5 min. (38,7 a 87,3) no grupo placebo. Os principais efeitos colaterais relacionados à medicação foram desconforto e congestão nasal, rinorreia e epistaxe. Todos com resolução espontânea.

Conclusão dos autores:

A autoadministração baseada em sintomas (dose inicial + uma dose extra se necessária) foi bem tolerada, segura e superior ao placebo para rápida reversão de TPSV. Essa abordagem pode encorajar o tratamento da TPSV fora do ambiente hospitalar e tem potencial de reduzir a necessidade de fármacos adicionais, como os endovenosos utilizados no serviço de emergência.

Conclusão Cardiopapers:

O tratamento de escolha e com altas taxas de cura de TPSV é, sem dúvida alguma, a ablação por cateter. Porém, o etripamil pode ser uma excelente opção para os pacientes que aguardam o procedimento invasivo ou que não queiram fazê-lo, aumentando sua autonomia e segurança, principalmente em viagens.

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Referência:

Stambler BS, Camm AJ, Alings M, et al.; RAPID Investigators. Self-administered intranasal etripamil using a symptom-prompted, repeat-dose regimen for atrioventricular-nodal-dependent supraventricular tachycardia (RAPID): a multicentre, randomised trial. Lancet. 2023 Jul 8;402(10396):118-128. doi: 10.1016/S0140-6736(23)00776-6. Epub 2023 Jun 15. 

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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