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A estimulação fisiológica (feixe de His ou ramo esquerdo) já é uma realidade abordada na nova Diretriz Brasileira de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis 2023 – SBC. Para mais informações veja o meu post sobre esse tema aqui.
Veja os comentários a seguir extraídos da Diretriz.
“A estimulação direta do ramo esquerdo ou de região próxima por via septal profunda (eletrodo entregue via bainha, perfurando até o lado esquerdo do septo interventricular) é alternativa viável para manutenção de QRS estreito e prevenção de dissincronia. Apesar da diferença técnica entre a captura direta do ramo esquerdo e a captura da região do ramo esquerdo, do ponto de vista funcional, a estimulação da região do ramo esquerdo é capaz de promover sincronismo equivalente à estimulação direta do feixe de His.” Veja todas as recomendações com sua classe de indicação e nível de evidência a seguir:
Recomendações para estimulação fisiológica (feixe de His, ramo esquerdo) para tratamento de bradiarritmias
DNS com indicação de MP convencional em paciente com retardo de condução intraventricular | IIa | C |
FA permanente com indicação de ablação da junção AV para controle de FC | IIa | C |
BAV sem disfunção sistólica de VE | IIb | B |
Recomendações para indicação de estimulação direta do sistema excito-condutor cardíaco como alternativa à terapia de ressicronização cardíaca (TRC)
BAV e indicação de MP e FEVE < 50%, é razoável a estimulação fisiológica | IIa | B |
IC sintomática, FEVE ≤ 35%, QRS ≥ 130ms é possível considerar a estimulação direta do sistema de condução como alternativa à TRC convencional | IIa | C |
Em não respondedores à TRC, é razoável considerar a estimulação direta do sistema de condução como terapia de resgate | IIb | C |
Um recente trabalho apresentado no ACC.23 comparou a estimulação do ramo esquerdo (ERE) vs estimulação biventricular (EBV) em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) e bloqueio do ramo esquerdo (BRE). Veja o que essa revisão sistemática e meta-análise mostrou.
Seis estudos com 389 pacientes (159 ERE vs 230 EBV) foram incluídos.
- A taxa de sucesso da ERE foi de 88,3%. A ERE encurtou significativamente a duração do QRS (MD -22,65, p<0,00001) quando comparada a EBV.
- Parâmetros ecocardiográficos como fração de ejeção do ventrículo esquerdo (MD 6,73, p<0,00001), diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (MD -5,12, p<0,00001), e diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo (MD -5,57, p=0,0007) foram significativamente melhorados pela ERE.
- Comparado com EBV, a classe funcional da NYHA (MD -0,47, p=0,0003) e BNP (MD -0,66, p<0,0001) foram significativamente reduzidos com ERE.
- Uma redução no limiar de estimulação foi notada durante o follow-up com ERE vs EBV (MD -0,56, p<0,00001).
Os autores concluem que a ERE é considerada segura e efetiva no manuseio da IC com BRE. Parâmetros clínicos e ecocardiográficos foram melhorados com ERE vs EBV.
Comentário Cardiopapers:
Os resultados iniciais dessa nova técnica são muito entusiasmantes. A estimulação fisiológica deve crescer vertiginosamente com a solidificação da técnica e a manutenção dos resultados a médio e longo prazo.
Referência:
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Abraço