Arritmia Marcapasso

A Estimulação Fisiológica é o Futuro dos Dispositivos Eletrônicos Implantáveis?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português

A estimulação fisiológica (feixe de His ou ramo esquerdo) já é uma realidade abordada na nova Diretriz Brasileira de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis 2023 – SBC. Para mais informações veja o meu post sobre esse tema aqui.

Veja os comentários a seguir extraídos da Diretriz.

“A estimulação direta do ramo esquerdo ou de região próxima por via septal profunda (eletrodo entregue via bainha, perfurando até o lado esquerdo do septo interventricular) é alternativa viável para manutenção de QRS estreito e prevenção de dissincronia. Apesar da diferença técnica entre a captura direta do ramo esquerdo e a captura da região do ramo esquerdo, do ponto de vista funcional, a estimulação da região do ramo esquerdo é capaz de promover sincronismo equivalente à estimulação direta do feixe de His.” Veja todas as recomendações com sua classe de indicação e nível de evidência a seguir:

Recomendações para estimulação fisiológica (feixe de His, ramo esquerdo) para tratamento de bradiarritmias
DNS com indicação de MP convencional em paciente com retardo de condução intraventricular IIa C
FA permanente com indicação de ablação da junção AV para controle de FC IIa C
BAV sem disfunção sistólica de VE IIb B
Recomendações para indicação de estimulação direta do sistema excito-condutor cardíaco como alternativa à terapia de ressicronização cardíaca (TRC)
BAV e indicação de MP e FEVE < 50%, é razoável a estimulação fisiológica IIa B
IC sintomática, FEVE ≤ 35%, QRS ≥ 130ms é possível considerar a estimulação direta do sistema de condução como alternativa à TRC convencional IIa C
Em não respondedores à TRC, é razoável considerar a estimulação direta do sistema de condução como terapia de resgate IIb C

Um recente trabalho apresentado no ACC.23 comparou a estimulação do ramo esquerdo (ERE) vs estimulação biventricular (EBV) em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) e bloqueio do ramo esquerdo (BRE). Veja o que essa revisão sistemática e meta-análise mostrou.

Seis estudos com 389 pacientes (159 ERE vs 230 EBV) foram incluídos.

  • A taxa de sucesso da ERE foi de 88,3%. A ERE encurtou significativamente a duração do QRS (MD -22,65, p<0,00001) quando comparada a EBV.
  • Parâmetros ecocardiográficos como fração de ejeção do ventrículo esquerdo (MD 6,73, p<0,00001), diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (MD -5,12, p<0,00001), e diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo (MD -5,57, p=0,0007) foram significativamente melhorados pela ERE.
  • Comparado com EBV, a classe funcional da NYHA (MD -0,47, p=0,0003) e BNP (MD -0,66, p<0,0001) foram significativamente reduzidos com ERE.
  • Uma redução no limiar de estimulação foi notada durante o follow-up com ERE vs EBV (MD -0,56, p<0,00001).

Os autores concluem que a ERE é considerada segura e efetiva no manuseio da IC com BRE. Parâmetros clínicos e ecocardiográficos foram melhorados com ERE vs EBV.

Comentário Cardiopapers:

Os resultados iniciais dessa nova técnica são muito entusiasmantes. A estimulação fisiológica deve crescer vertiginosamente com a solidificação da técnica e a manutenção dos resultados a médio e longo prazo.

Referência:

  1. Aamir M, Yasmin F, Moeed A, et al. Left bundle branch biventricular pacing in hear failure patients with left bundle branch block: An updated systematic review and meta-analysis. J Am Coll Cardiol2023;March 8(8_Supplement 59).

 

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Abraço

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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