Insuficiência Cardíaca

Eplerenona: já ouviu falar desta nova (velha) medicação para ICFEr?

Escrito por Humberto Graner

Esta publicação também está disponível em: Português

Você certamente já está acostumado a prescrever espironolactona para tratar pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr). O que talvez não saiba é que agora temos uma nova alternativa disponível no mercado: a eplerenona.

Eplerenona vs Espironolactona: qual a diferença?

Ainda não existem estudos que comparam diretamente as duas drogas em contextos específicos. No entanto, elas apresentam diferenças em termos de seletividade, efeitos colaterais e evidências de ensaios clínicos.

Seletividade: Ambos são classificados como antagonistas do receptor mineralocorticoide. A eplerenona é mais seletiva para receptores de aldosterona em comparação à espironolactona. Isso resulta em menor probabilidade de efeitos adversos endócrinos (1% versus 10%, comparada à espironolactona).

Efeitos colaterais: os efeitos colaterais mencionados são mais comuns com a espironolactona, incluindo ginecomastia, dor mamária, irregularidades menstruais, impotência e diminuição da libido. No entanto, ambas as drogas podem causar hipercalemia.

Ensaios clínicos: o estudo RALES (Randomized Aldactone Evaluation Study) demonstrou que a espironolactona reduziu significativamente a mortalidade e a hospitalização em pacientes com ICFEr. A eplerenona também mostrou ser efetiva em reduzir igualmente esses dois desfechos no EMPHASIS-HF (Eplerenone in Mild Patients Hospitalization and Survival Study in Heart Failure), mas os pacientes neste estudo apresentavam insuficiência cardíaca menos sintomática (NYHA II). A eplerenona também foi avaliada no estudo EPHESUS (Eplerenone Post-AMI Heart Failure Efficacy and Survival Study), que incluiu pacientes com infarto agudo do miocárdio recente e FE  ≤40% (média de 33%), com evidências de insuficiência cardíaca e/ou DM2. Neste trial, a eplerenona se associou a redução significativa da taxa de mortalidade por todas as causas, incluíndo morte súbita, além de hospitalizações por IC.

Quais as indicações para eplerenona?
  • Pacientes com ICFEr sintomática (NYHA II, III ou IV) e FE ≤35% em uso otimizado de antagonistas do sistema renina-angiotensina e betabloqueadores.
  • Pacientes pós-infarto do miocárdio com FE ≤40% e apresentam insuficiência cardíaca sintomática ou diabetes mellitus.
Como prescrever eplerenona?

A dose inicial é de 25 mg por dia, com a dose alvo de 50 mg por dia.

Se a TFGe for de 30 a 49 mL/minuto por 1,73 m², a dose inicial de eplerenona é de 25 mg em dias alternados.

A dose inicial pode ser dobrada após 4 semanas para se atingir a dose alvo. Eletrólitos devem ser verificados (por exemplo, potássio sérico, ureia e creatinina) a cada 2 semanas após o início do medicamento ou ajuste.

E agora? Muda alguma coisa na prática?

Fizemos esta pergunta para nosso especialista em Insuficiência Cardíaca, Dr. Jefferson Vieira. Ele reforça que, na prática, aproximadamente 10 a 15% dos pacientes em uso de espironolactona apresentam ginecomastia e outros efeitos adversos endócrinos. Estes seriam os pacientes candidatos a eplerenona. Mesmo pacientes sob espironolactona, eventualmente diminuir a dose de 50mg para 25mg, por exemplo, pode ser efetiva em reduzir esses efeitos colaterais e garantir adesão e tolerabilidade à medicação. A avaliação deve ser individualizada!

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Sobre o autor

Humberto Graner

Co-Editor do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Medicina Intensiva
Professor das Faculdades de Medicina da UFG e UniEvangélica (Goiás)
Doutor em Ciências pelo InCor-HCFMUSP
Fellowship em Coronariopatias Agudas pelo InCor-HCFMUSP
Coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein - Unidade Goiânia (GO)
Pesquisador da ARO (Academic Research Organization) - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP)

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