Métodos complementares Valvopatias

Já ouviu falar na classificação de Carpentier para insuficiência mitral?

Escrito por Eduardo Lapa

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Para o correto manejo do paciente com insuficiência mitral é importante sabermos qual o mecanismo fisiopatológico que está causando a valvopatia. Uma classificação bastante usada para este fim e que é recomendada pelas diretriz europeia e americana de valvopatia é a desenvolvida por Carpentier. Ela classifica os mecanismos de insuficiência mitral em 3 grupos, sendo o terceiro grupo subdividido em outros 2.

  • Tipo I – a mobilidade dos folhetos da mitral é normal. Exemplo: paciente que teve perfuração da cúspide mitral devido à endocardite. A movimentação do folheto é normal. O problema é que agora há um “buraco” no meio da cúspide. Segue imagem do nosso livro Cardiologia Cardiopapers.

  • Tipo II – a movimentação dos folhetos é excessiva. O exemplo clássico é o prolapso de valva mitral em que um ou ambos os folhetos da valva se voltam para o interior do átrio esquerdo em grau maior que o esperado durante a sístole ventricular.

  • Tipo III – a movimentação dos folhetos é reduzida. Essa restrição da movimentação pode ocorrer tanto durante a sístole quanto durante a diástole e neste caso é chamada de IIIa. Como visualizar isso de forma fácil? Basta pensar em uma valva mitral acometida por doença reumática que fica “travada” de tanto cálcio, nem abre nem fecha adequadamente. Ou seja, ela não se movimenta de forma adequada em nenhum momento do ciclo cardíaco. Já quando a restrição da movimentação ocorre apenas durante a sístole ventricular, chamamos de disfunção tipo IIIb. Qual seria o exemplo? A valvopatia secundária à dilatação do VE. Neste caso, durante a sístole o VE deveria diminuir bastante de tamanho e isso ajudaria os folhetos da mitral a se aproximarem, gerando uma coaptação adequada. Na hora em que o VE está com o volume bastante aumentado e sem contrair de forma adequada, as paredes desta câmara ficam se distanciando cada vez mais do anel mitral e terminam “puxando” os folhetos em direção ao ápice.

OK. Mas como é que eu, cardiologista clínico ou clínico geral, vou definir isso? Você não define. Quem vai lhe dar esta informação é o ecocardiografista. Por isso que aqueles laudos genéricos tipo:

Valva mitral: Insuficiência de grau importante, ponto final, não são admissíveis. O laudo tem que ter uma descrição detalhada da valva, o provável mecanismo causador, grau de refluxo baseado em parâmetros objetivos (ex: vena contracta, PISA, etc).

Resumo:

  • a classificação de Carpentier ajuda na compreensão de qual o mecanismo causador da insuficiência mitral e idealmente deve constar no laudo do ecocardiograma de regurgitações mitrais relevantes.

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Sobre o autor

Eduardo Lapa

Editor-chefe do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC

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