Diretrizes e Guidelines Hipertensão arterial sistêmica

Novas Diretrizes da European Society of Hypertension (ESH) para Hipertensão: O que mudou?

Escrito por Audes Feitosa

Esta publicação também está disponível em: Português

Recentemente, a European Society of Hypertension (ESH) apresentou novas diretrizes para diagnóstico e tratamento da Hipertensão, durante o 32º Encontro Europeu Anual sobre Hipertensão e Proteção Cardiovascular em Milão, na Itália. Estas diretrizes também foram publicadas online no Journal of Hypertension e endossadas pela Associação Europeia de Nefrologia e pela Sociedade Internacional de Hipertensão. Veja a seguir os principais destaques:

  1. A definição de hipertensão permanece inalterada

A hipertensão continua sendo definida como valores repetidos de pressão arterial sistólica de consultório de ≥140 mm Hg e/ou valores de pressão arterial diastólica de ≥90 mm Hg. Portanto, a definição e classificação da hipertensão não foram alteradas nas novas diretrizes.

  1. Uma abordagem mais detalhada da medição da pressão arterial

A medição precisa da pressão arterial é crucial no diagnóstico e acompanhamento da hipertensão. As novas diretrizes da ESH enfatizam o uso do método automático de medição da pressão arterial como o mais recomendado. Além disso, sugere-se que haja uma maior ênfase no uso da medição da pressão arterial fora do consultório, particularmente a MRPA, como útil no acompanhamento de longo prazo. No futuro, espera-se mais acompanhamento remoto e atendimento virtual.

  1. Valores para iniciar o tratamento

O tratamento anti-hipertensivo deve ser iniciado na maioria dos pacientes quando a pressão arterial sistólica for ≥140 mmHg ou a pressão arterial diastólica for ≥90 mm Hg. Para pacientes com mais de 80 anos, o início do tratamento medicamentoso é recomendado em 160 mmHg de pressão arterial sistólica.

  1. Metas de pressão arterial

A meta de pressão arterial é a mesma das diretrizes anteriores para a população geral com hipertensão: <140/80 mm Hg para a maioria dos pacientes. Ainda assim, as diretrizes salientam que deve haver esforço para atingir uma faixa de 120–129/70–79 mm Hg, desde que o tratamento seja bem tolerado.

Mas em pacientes mais jovens e mais hígidos, recomendamos quanto menor, melhor, mas não abaixo de 120 mm Hg.

As diretrizes permitem metas ligeiramente mais altas para pacientes mais velhos e/ou muito frágeis.

  1. Tratamentos medicamentosos

As diretrizes recomendam que a redução da pressão arterial seja priorizada em relação à seleção de classes específicas de medicamentos anti-hipertensivos. Cinco principais classes de medicamentos – inibidores da ECA, BRA, betabloqueadores, bloqueadores de cálcio e diuréticos tiazídicos – e suas combinações são recomendados como base das estratégias de tratamento anti-hipertensivo.

Recomendam uma combinação de dois medicamentos para a maioria dos pacientes. As combinações preferidas incluem um bloqueador de renina-angiotensina (seja um inibidor da ECA ou um BRA) com um bloqueador de cálcio ou um diurético tiazídico, preferencialmente em uma combinação de pílula única para reduzir a quantidade de pílulas e melhorar a adesão e o resultado.

Se a pressão arterial não for controlada com a combinação inicial de dois medicamentos na dose máxima recomendada e tolerada dos respectivos componentes, o tratamento deve ser aumentado para uma combinação de três medicamentos.

Uma novidade das diretrizes é a atualização dos betabloqueadores nos algoritmos de tratamento: deixou de ser o patinho feio das últimas diretrizes.

As diretrizes também recomendam que todos os medicamentos sejam administrados uma vez ao dia e preferencialmente pela manhã.

  1. Hipertensão resistente verdadeira

As diretrizes introduziram um novo termo, “hipertensão resistente verdadeira“, definida como pressão arterial sistólica de ≥140 mm Hg ou pressão arterial diastólica de ≥90 mm Hg na presença das seguintes condições: doses máximas recomendadas e toleradas de três – combinação de medicamentos compreendendo um bloqueador do sistema renina-angiotensina (seja um inibidor da ECA ou um BRA), um bloqueador de cálcio e um diurético tiazídico; o controle inadequado da pressão arterial foi confirmado por MAPA (preferencial) ou MRPA; afastar as causas de hipertensão pseudorresistente (especialmente baixa adesão à medicação) e hipertensão secundária foi excluída.

Para esses pacientes com hipertensão resistente verdadeira, duas abordagens de tratamento são recomendadas:

  • Para aqueles que não têm doença renal avançada (taxa de filtração glomerular >40 mL/min), a desnervação renal pode ser considerada. Esta é uma nova recomendação II B.
  • Para pacientes com doença renal, as diretrizes sugerem que uma abordagem diurética combinada (clortalidona com um diurético de alça).

Essas novas diretrizes da ESH proporcionam uma visão atualizada e detalhada sobre o manejo da hipertensão, facilitando a tomada de decisões clínicas para médicos e profissionais da saúde.

Referência:

Mancia Chairperson G, Kreutz Co-Chair R, Brunström M, et al. 2023 ESH Guidelines for the management of arterial hypertension The Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension Endorsed by the European Renal Association (ERA) and the International Society of Hypertension (ISH) [published online ahead of print, 2023 Jun 21]. J Hypertens. 2023; doi: 10.1097/HJH.0000000000003480. doi:10.1097/HJH.0000000000003480

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