Esta publicação também está disponível em:
Português
No complexo manejo do paciente hipertenso, uma condição desafia frequentemente os médicos: a Hipotensão Ortostática (HO). Caracterizada por uma queda abrupta na pressão arterial quando uma pessoa se levanta, a HO tem sido associada a um aumento do risco de eventos cardiovasculares e mortalidade. Contudo, um dilema clínico persiste: até que ponto é seguro intensificar o tratamento da hipertensão nesses pacientes?
A recente meta-análise publicada no JAMA veio iluminar essa questão. O estudo, com dados de mais de 29.000 participantes, desdobrou-se em uma investigação rigorosa sobre os efeitos de um tratamento intensivo da pressão arterial em pacientes com hipertensão e HO. Os resultados foram reveladores: a intensificação do tratamento não só foi segura, mas também reduziu significativamente o risco de doenças cardiovasculares e mortalidade, independentemente da presença de HO.
A Hipertensão Ortostática, definida por uma redução de pelo menos 20 mmHg na pressão sistólica ou 10 mmHg na diastólica após se levantar, tem sido uma bandeira vermelha que muitas vezes sinaliza cautela no aumento da medicação anti-hipertensiva. No entanto, os resultados desta meta-análise sugerem que a HO não deve ser um impedimento para a intensificação terapêutica. De fato, pacientes com e sem HO mostraram benefícios semelhantes em resposta a um tratamento mais agressivo da hipertensão.
Além disso, a hipotensão ao ficar de pé, um fenômeno clínico menos compreendido e definida como PA sistólica em pé ≤ 110 mmHg ou menos ou PA diastólica em pé ≤ 60 mmHg, também não mostrou influenciar os resultados positivos do tratamento intensivo. Isso desfaz longas preocupações sobre o risco-benefício dessa abordagem em um subconjunto de pacientes que comumente são tratados com mais cautela.
Os profissionais de saúde que enfrentam o dilema de como tratar pacientes hipertensos com HO podem agora se apoiar nesses novos dados para tomar decisões mais informadas. Com o tratamento intensivo da hipertensão mostrando-se eficaz e seguro nesses pacientes, abre-se um novo caminho para a redução de riscos cardiovasculares e melhoria dos desfechos de saúde.
Em resumo, a Hipotensão Ortostática e a Hipotensão ao ficar de pé, embora sejam fatores de complicação no tratamento da hipertensão, não devem mais ser vistos como barreiras absolutas para a intensificação da terapia. Com esses achados, os médicos têm agora um aval científico para ir além dos limites anteriores e oferecer a seus pacientes uma chance melhor de controle da hipertensão e uma vida mais saudável.
Referência:
Juraschek SP, Hu JR, Cluett JL, et al. Orthostatic Hypotension, Hypertension Treatment, and Cardiovascular Disease: An Individual Participant Meta-Analysis [published correction appears in JAMA. 2023 Nov 1;:]. JAMA. 2023;330(15):1459-1471. doi:10.1001/jama.2023.18497
