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Já vimos em post prévio que o consumo de álcool eleva o risco de fibrilação atrial (FA). Isso pode ocorrer mesmo em pessoas que não habitualmente não bebem. Em 1978 foi descrita pela primeira vez a chamada Holiday Heart Syndrome (HHS) após notar episódios de FA aguda em 24 pacientes após libação alcoólica. A arritmia pode surgir até 36 horas após o consumo do álcool. Os mecanismos principais são:
1- ativação simpática – estudos mostram elevação de 17% da frequência cardíaca 12 horas após consumo intenso de álcool
2- efeito diurético do álcool, o qual pode causar alterações eletrolíticas
3- acetaldeído, derivado do álcool, funciona como uma toxina cardíaca direta, podendo deflagar arritmias
Os episódios de FA nestes casos costumam ser autolimitados, revertendo espontaneamente em até 24h.
Quer dizer que o álcool aumenta basicamente risco de DA, certo? Na verdade, é mais complicado que isto. Há vários estudos mostrando aumento do mortalidade cardiovascular associado ao consumo de bebidas alcoólicas. Isto é particularmente relatado em pacientes com histórico de cardiopatia prévia. Como há estudos mostrando alargamento do intervalo QTc causado por álcool, é provável que este maior risco cardiovascular esteja associado à maior ocorrência de arritmias ventriculares malignas como fibrilação ventricular e taquicardia ventricular.
Referência: Voskoboinik A et al. Alcohol and Atrial Fibrillation A Sobering Review. J Am Coll Cardiol 2016.